Primeiro embarque de Erva-mate para a Coreia do Sul ocorreu em 2004

Na semana passada, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) divulgou a abertura de 200 novos mercados internacionais e 60 destinos. Angola e Coreia do Sul passam a importar Erva-mate do Brasil. O pioneirismo, registrado no Comex Stat (portal de estatísticas de Comércio Internacional do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços – MDIC), é de 2004 e partiu do Paraná para os coreanos.

1⁰ embarque do Brasil para a Coreia do Sul em 2004

O Especialista em Negócios Internacionais, Heroldo Secco Junior, recordou o fato para a reportagem. O Comex Stat informa o “primeiro embarque de Mate do Brasil para a Coreia do Sul ocorreu em 2004, a partir da cidade de Laranjeiras do Sul. Foi um embarque de 1.080kg que abriu um fluxo pequeno, porém contínuo de embarques até a atualidade”. A Erva-mate foi embarcada via Less Container Load (LCL – Contêiner com Menor Carga.

“A ervateira foi a Mate Laranjeiras, que embarcou produtos acabados e um padrão exclusivo a pedido do importador, já demonstrando o potencial do Mate brasileiro em diversas formas de consumo e utilização. Foi uma negociação de quase quatro meses, com envio de amostra para aprovação e embarque LCL”, explica Especialista em Negócios Internacionais.

Embalagem do embarque
Embalagem do 2⁰ embarque feito para a Coreia do Sul, etiqueta em coreano.

Esse tipo de comércio é importante e tem desafios. Quando o produto é conhecido disputa preços com concorrentes, tendo “concorrência predatória e comoditização e que podem levar a preços mais baixos”, segundo Heroldo Secco Junior. Quando é desconhecido desfruta de “pioneirismo, a exclusividade, a adaptação aos hábitos locais e que podem em conjunto trazer preços mais rentáveis porém também exigem maiores investimentos”.

Para chegar até as pessoas que não conhecem, o especialista cita a importância de “participações em missões comerciais, envio de amostras, estudos de mercado”. Quanto à Coreia, nessas duas décadas, os embarques de menor escala “abriram oportunidades onde entraram Trading Companies com preços mais baixos e após consolidou-se embarques de Orgânicos direto de ervateiras com valores mais rentáveis provavelmente pelo mercado da Coreia do Sul ser extremamente exigente”, observa.

Coreia exposicao
Exposição em Seoul/Coreia do Sul em 2005 divulgando o Mate Brasileiro e outros produtos orgânicos.

Segundo ele, a “exportação é mercado de longo prazo, acompanhar e adaptar-se faz parte do planejamento”. A pesquisa via internet permite observar o gosto do cliente, planejar e tomar decisões comerciais. O Mate ainda “é relativamente desconhecido e descriminado no mercado internacional”. O ato de se comunicação, contudo, melhorou. “Em 2004 não existia WhatsApp, e-mails eram ainda precários e a dificuldade com o idioma era barreira muito delicada”.

Nesse período, se teve o apoio da Embaixada Brasileira, “expertise acumulada de anos em operações internacionais e também um pouco de coragem foi possível abrir este mercado até mesmo com embalagens em idioma coreano”, relembra Heroldo Secco Junior. Por conta disso, por operar na exportação do Mate brasileiro há mais de 25 anos no mercado internacional, o especialista orienta “nunca desprezar qualquer contato, porém atenção aos aventureiros, aos ‘leilões de compra’ que alcançam diversas ervateiras ao mesmo tempo e nunca, mas nunca mesmo, abrir crédito a importador com o qual não exista total confiança”.

Levando em conta que “há muitas oportunidades, porém muitas destas são apenas ilusões, trabalhar sempre respeitando margens. Não devemos sacrificar lucratividade com promessas de compras futuras se não for coberta com contratos bem formulados e também não devemos conceder prazo para pagamento em operações de qualquer porte só porque o importador ‘é de um país sério’ ou então ‘parece ser um distribuidor tradicional’”.

Com imagem cedida de arquivo pessoal de Heroldo Secco Junior/ Erva-mate Laranjeiras